Por - Geraldo Esteves Sobrinho
Indubitavelmente
o homem, este animal social dotado de razão, não é uma ilha. Viver em grupo o
fortalece e enriquece de experiências múltiplas impulsionando-o na longa
jornada evolutiva. Mesmo nas espécies animais irracionais observamos que a vida
em conjunto favorece a satisfação das necessidades de sobrevivência.
A mãe natureza
é pródiga em ministrar sábios ensinamentos. Basta somente ampliarmos os canais
de percepção, aguçando a sensibilidade, para nos tornarmos bons receptores das
lições.
Dentro do
contexto esposado, no que tange ao inter-relacionamento das espécies, podemos
citar a magnífica vida das abelhas e formigas. As estruturas destas comunidades
primam pela organização, zelo, trabalho e respeito. Muitos poderão alegar que
elas agem por instinto. Mas não é bem assim. A ciência já desvendou que as atividades
realizadas pelas espécies ditas irracionais não são totalmente mecânicas.
Partem da manifestação de uma inteligência rudimentar, culminando em
verdadeiros lampejos de raciocínio elaborado. Isto se verifica facilmente em
animais que já conquistaram maior nível de evolução, como os golfinhos,
cavalos, elefantes etc.
Nesta altura
da leitura, muitos podem estar indagando onde o autor deste artigo pretende
chegar. Elementar, caros leitores! O objetivo reside em focar um assunto
importantíssimo, complexo e inevitável na vida cotidiana. Trata-se do
relacionamento humano. Entretanto, vamos nos ater à questão em sua aplicação
limitada às atividades na seara espírita.
O movimento
espírita, fiel aos postulados da codificação Kardequiana equipara-se a um
organismo vivo, uno e harmonioso. Numa visão mais diminuta figura o Centro
Espírita como célula cujo objetivo é proporcionar equilíbrio e bem estar a este
complexo orgânico. Ainda reduzindo microscopicamente nosso campo de observação,
temos nos adeptos da Doutrina Consoladora, partes integrantes e, não menos
importantes.
Acontece que
algumas vezes estas células podem apresentar significativo comprometimento em
sua eficiência, por despreparo e/ou invigilância. Assim sendo, a estrutura
celular se abala, refletindo no todo orgânico.
A síndrome de CIMM é um conjunto de sintomas que se apresentam
caracterizando um desequilíbrio de consequências, volta e meia, desastrosas.
Nasce sorrateiramente nas mentes e se dissemina numa infecção virótica.
Particularmente já observei sua manifestação e prejuízos. E como vivi esta
experiência, não poderia pecar por omissão, evitando alertar aqueles que
militam seriamente no campo prático da Doutrina.
A CIMM é
composta pelos vírus perniciosos da competição, inveja, maledicência e mistificação;
daí a sigla escolhida. A denominação “vírus” é apropriada, uma vez que em
sentido figurado tal palavra expressa um princípio de contágio moral mórbido.
À competição,
cabe a infeliz missão de insuflar sentimento de disputa. Afinal de contas
alguns precisam mostrar quem é o melhor médium, quem trabalha mais, manda mais
etc.
A inveja
assume o propósito mesquinho de intensificar o desejo descontrolado de ser ou
obter aquilo que está no outro.
O vírus da
maledicência (dizer mal) envenena toda a casa espírita e encontra sua razão de
ser no cultivo dos outros dois acima descritos.
Por fim, à
mistificação atribui-se o desserviço de ludibriar o grupo e a fé alheia. Tal
condição muitas vezes não nasce somente da ignorância ou despreparo, mas de
atitude consciente e premeditada, visando o reconhecimento e glória de
faculdades das quais não se é portador.
Urge,
portanto, calarmos os ciúmes e vaidades pessoais, evitando servir de
instrumento daqueles que espreitam e preparam armadilhas visando prejudicar o
avanço da Luz.
Considerando,
pois, que não somos ilhas isoladas no mar (muitas vezes revolto) da existência,
cada qual carrega consigo a responsabilidade pelos acertos ou desacertos no
trato das coisas sagradas.
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(Artigo
publicado no Jornal O Clarim de outubro/12 – Casa Editora O Clarim – Matão - SP)
O autor é bacharel em Direito, Pedagogo, poeta, orador e
escritor espírita, militando atualmente no movimento espírita de Guarapari -
ES, onde reside. Contatos: geraldoestevessobrinho@yahoo.com.br.
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