sábado, 28 de janeiro de 2012

Quando orares


Por – Joilson José Gonçalves Mendes
“Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará”. Jesus – Mateus 6:6
O ensinamento do Mestre sobre a oração poderá fazer com que o leigo perceba certa contradição, quando de outra passagem, em que Jesus ensina que devemos nos manter constantemente em oração e vigilância. Mas para aquele que mergulha nos ensinamentos da Boa Nova não há contradição alguma.
Para orarmos não necessitamos de um local fechado, um ambiente físico, o quarto de que fala o Mestre é o nosso coração. Jesus ensina que devemos voltar para dentro de nós mesmos, em nosso templo interior e nos elevarmos a um nível mais alto de consciência.
Quando mergulhamos em nosso íntimo, controlando a nossa respiração de maneira lenta e profunda, tendemos a acalmar a mente, como dizia um mestre indiano: “O corpo segue a mente, a mente segue a respiração”. Yogi Bhajan
Agindo desta forma manteremos um contato mais aproximado com o nosso íntimo, percebendo melhor nossos pensamentos e sentimentos, com maior oportunidade de realizar o trabalho interior de autoconhecimento.
Em tempos em que “Time is Money” as pessoas vivem condicionadas como máquinas a cumprir tarefas de maneira sistemática e ininterrupta. Este comportamento é o causador de várias enfermidades e a cada dia que passa surgem novas doenças, sem que a medicina consiga acompanhar.
Ao entrares em teu templo interior e orares silenciosamente, no ritmo calmo e profundo da tua respiração, terás a oportunidade de se deparar com quem realmente és, com a essência do teu íntimo. Estás preparado?
Os pensamentos se acalmarão, a ansiedade, a melancolia, medos, frustrações e decepções da vida deixarão de ter importância. Velhos condicionamentos serão quebrados, uma percepção nova e diferenciada da vida surgirá.
É o novo ser nascendo de dentro para fora. Medos e conflitos não mais existirão é a recompensa do Pai que vê em secreto, como ensina Jesus. Conhecerás, então, a verdade que liberta e começará a perceber o próximo, suas necessidades, suas dores e dramas. Neste estágio perceberá o despertar do sentimento que é o antecessor do amor, a compaixão.
Tendo abandonado o “homem velho” suas ações estarão voltadas em benefício do próximo, muitas vezes, não mais se preocupará consigo a prioridade será o outro. Digo muitas vezes porque ainda terá muito a melhorar, a transformação é constante, ininterrupta e sem fim, contudo, será mais rápida do que antes.
Com o passar do tempo, passaras a vibrar em um nível de consciência mais elevado em que, o contato com seres mais adiantados será de fácil acesso. Novas transformações ocorrerão, outros véus cairão e aspectos da verdade até então desconhecidos serão revelados. É o Pai novamente a te recompensar.
Jesus, médico das almas continua a curar-te. Onde quer que estejas lembre-se de entrar em teu quarto e, quem sabe, um dia, encontrarás Jesus em ti.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Ser ou não ser espírita

Por - Gilberto L Tomasi
Sempre que nossa consciência nos cobra sobre determinadas situações em que agimos de forma grosseira, estúpida ou quando perdemos a paciência, a coerência, a responsabilidade e a serenidade, agindo de forma contrária aos bons usos e costumes costumamos justificar essas atitudes com a máxima: Sou espírita, mas não sou “santo”.
Num primeiro momento, a assertiva não deixa de ser verdadeira, afinal, diante do nosso entendimento, poderiam ser enquadrados como “santos”, aqueles espíritos mais evoluídos, que certamente não agiriam de forma a se arrepender ou a querer justificar o erro.
No entanto, quase sempre, essa justificativa tem a conotação um tanto viciosa de querer argumentar que pelo fato de não termos atingindo um mínimo de evolução temos o direito de nos deixar levar pelos nossos hábitos e costumes ainda presos a erros e vícios de vidas pretéritas.
O que dizer então das palavras de Kardec, quando afirma que: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, pelos esforços que faz em domar suas más tendências”? Alguns dirão que muito embora estejam freqüentando ou estudando a doutrina espírita à décadas, ainda não se consideram espíritas, ou ainda, que, apesar de tantos anos de estudo, o espírito  não atingiu um ponto tal de evolução  que os permita a vivenciar a afirmativa de Kardec, ou seja, a prática do esforço e força de vontade conforme nos esclarece Joana de Angelis.
Agindo dessa forma, com certa falsa modéstia, querendo sempre justificar-se de seus deslizes diante deste ou daquele, atribuindo ao ditado popular de que: “na prática a teoria é outra“ estão apenas se acovardando diante de uma situação que poderia ser evitada se estivessem realmente imbuídos no propósito de mudar, de rever alguns conceitos e outros tantos valores perdidos ou esquecidos.
Ainda é comum alguns espíritas justificarem suas atitudes, principalmente os erros, na expressão: “prova e expiação”. Esquecem no entanto, que nem sempre os erros cometidos ou a falta de vontade e determinação para fazer a reforma íntima estão diretamente ligados à situações vivenciadas anteriormente. Pelo contrário, a maioria de nossos vícios e erros são adquiridos aqui, quer seja pela nossa fraqueza, irresponsabilidade ou indiferença diante dos fatos. Nos parece, ser muito cômodo não assumirmos uma posição  verdadeira, responsável e objetiva no sentido de procuramos lapidar as asperezas que ainda mancham nosso perispirito.
Ser espírita é aceitar os princípios básicos da Doutrina, não exitando em responder quando perguntado, sim, sou espírita, e não incorrer no chavão, “estou tentando”, como justificativa de ser um espírita imperfeito, que se encontra estacionado no caminho ou se distanciou dos seus objetivos, pois recua frente a obrigação de se reformar, ou porque prefere a companhia dos que participam de suas fraquezas.
Segundo Kardec, o bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, conduz, forçosamente à prática da lei de justiça, de amor e caridade, na sua maior pureza, que caracterizam o verdadeiro espírita, como o verdadeiro cristão, pois um e outro são a mesma coisa. O espiritismo não cria uma nova moral, mas facilita aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo, ao dar uma fé sólida e esclarecida aos que duvidam ou vacilam.
O verdadeiro espírita não se julga perfeito, até porque se o fosse não estaria reencarnado aqui na Terra, local de prova e expiação, mas aquele que agradece e aproveita todas as oportunidades que a vida lhe oferece, vivendo de forma simples, humilde, vislumbrando no próximo a oportunidade de crescimento, de evolução e reforma íntima. Não se julga superior e nem tampouco se deixa levar por ganhos materiais, escolhendo uns poucos em detrimento da maioria.
Chico Xavier já dizia que ser espírita é viver para o “povo”, para aqueles que mais necessitam, sem se deixar elitizar de forma a não ver e observar que todos somos iguais perante ao Pai.

sábado, 7 de janeiro de 2012

A teoria do risco - livre arbítrio e determinismo

  

Por - Gilberto L. Tomasi

Para facilitar a caminhada do homem rumo  sua evolução, vivenciando a lei de ação e reação, e para facilitar o seu entendimento, surge a teoria do risco, que tem por finalidade esclarecer a interligação existente entre o livre arbítrio do ser humano com o determinismo de deus.
Vive o encarnado, dia após dia, situações de risco e, a cada triunfo conseguido, ultrapassando obstáculos e utilizando corretamente a sua liberdade de decisão, se aproxima do sucesso almejado em sua jornada terrena. É bom esclarecer, inicialmente, que essa teoria.
Apesar de existir sob outra forma no plano espiritual, da maneira como vai ser aqui exposta deve ser aplicada somente aos encarnados. E, dentro dessa teoria do risco, vamos falar sobre o livre-arbítrio e o determinismo.

Livre-arbítrio
O livre-arbítrio é a faculdade que o ser humano tem de eleger o seu próprio caminho, é o seu comando de vida, resistindo ou cedendo ás suas boas ou más  tendências e ás influências que recebe dos espíritos elevados ou inferiores. A liberdade de ação de cada encarnado, entretanto, pode ser limitada pelo determinismo do plano superior. (o livre-arbítrio é ilimitado na intenção do homem. As ações,no entanto, que visam colocar em prática essa intenção, podem ser limitadas pela vontade de deus.)
Cada prova que o homem tem pela frente, durante o estágio na crosta terrestre, incide o bom ou o mau uso do seu livre-arbítrio, conforme esteja sendo utilizado mais ou menos próximo aos ensinamentos de Jesus. O livre arbítrio do homem jamais é tolhido ou influenciado pelo de outrem – encarnado ou desencarnado – sem que o homem queira ou consinta. Se as suas decisões são desviadas do primeiro intento, na verdade tal situação é permitida consciente ou inconscientemente pela própria pessoa que está decidindo.
Situações de interferências no campo das decisões tomadas no plano material podem nascer de obsessões ou influenciações, às quais todos os seres humanos estão sujeitos, porém o mau uso do livre-arbítrio, originário dessas influências de entidades inferiores, não afasta a responsabilidade do encarnado, que permite essa aproximação e, por vezes, a dominação de seus passos por tais espíritos. Enfim, o homem é sempre responsável por seus atos quando se desvia da trilha do bem.
Sendo a crosta terrestre um ambiente evolucional neutro, confere a todo indivíduo a possibilidade de vencer qualquer prova que tenha pela frente, bastando somente a aplicação da fé, o exercício da força de vontade e a promoção da reforma íntima. Deve, pois, o homem resistir à suas más tendências, afastando idéias desviadas do evangelho e se desvincular de qualquer assédio nesse sentido por parte de encarnados ou desencarnados.
Nesse contexto, ao receber inspirações ou intuições de espíritos superiores, cabe ao seu livre-arbítrio aceita-las e assimilar cada uma ou não. Se as aceitar estará exercitando positivamente o seu poder de decisão plena. As vezes ocorrem intuições ordenativas, ou seja, sugestões transmitidas energicamente pelo plano superior. Mas mesmo assim, não suprimem a livre aceitação por parte de quem recebe a mensagem.
Não se deve falar em abuso de livre-arbítrio, mas tão-somente em bom ou mau uso do mesmo. O ser humano tem opções livres a escolher durante a sua jornada terrena. Pode utilizar seu poder de decisão como melhor lhe convier, arcando sempre com as consequencias de seus atos, positivos ou negativos. Desvios nessa rota de decisão fazem parte do processo evolutivo, já que o encarnado não deixa de aprender também com os seus erros.

Determinismo
O determinismo é a vontade de Deus, atuando nos fatos através de suas leis ou por intermédio de seus emissários, com vistas a garantir o progresso geral. Portanto, sempre que o alto deseja que alguma situação ocorra no plano material ou que alguém seja colocado frente a um acontecimento qualquer utiliza-se do determinismo, ou seja, materializa-se a vontade superior. Jamais o determinismo diminui do encarnado o seu livre-arbítrio, mas pode influir em ocorrências, determinando situações que, aparentemente, parecem retirar do homem a sua livre decisão. Exemplo disso é a concretização do desencarne de um médium que viesse utilizando para o mal ou desviando a finalidade de sua mediunidade, colocando em risco terceiros e a própria credibilidade da doutrina espírita. Nesse caso, por determinismo, o médium, colocado em uma situação de risco termina desencarnando. Por outro lado, o espírito pode – dependendo do seu grau de evolução – escolher livremente a trajetória que irá trilhar na crosta, ainda antes de seu  reencarne.
Uma vez que opte, por exemplo, para retornar à carne num corpo material defeituoso, é preciso a atuação do determinismo para garantir esse tipo de reencarnação, enviando-o, efetivamente, a um corpo privado de uma determinada condição física. Percebe-se que, sem o determinismo, não haveria controle por parte da superioridade ante o desvio e  a má utilização do livre-arbítrio por parte do homem, nem seria possível controlar fenômenos naturais.
Ainda sob esse prisma o determinismo atua para enviar uma entidade recalcitante de volta à carne, sem que, nesse caso, predomine o livre-arbítrio.(  a vontade do espírito). Reencarnes compulsórios podem ser determinados pelo alto em favor do próprio espírito revoltado e reticente. Isso não significa cortar seu livre arbítrio, mais sim utilizar, em lugar deste, o determinismo para atingir objetivos elevados e justos.o determinismo, como pode se observar, por ser a atuação da vontade de deus, é sempre pleno de justiça e repleto de misericórdia.
O livre-arbítrio, por estar na alçada das criaturas, nem sempre é usado para boas finalidades. Em resumo, pode-se dizer que o livre-arbítrio é a ferramenta de trabalho do homem, enquanto que o determinismo serve como instrumento de ação do plano superior.  Ambos compõem a teoria do risco.

A teoria do risco
Essa teoria representa o estudo e a verificação prática da convergência existente entre livre-arbítrio e determinismo, visando, com isso apresentar regras básicas de entendimento das leis divinas e sua aplicação, facilitando a compreensão do mecanismo de evolução dos seres humanos.
Iniciemos a análise do tema com o seguinte quadro explicativo:
- Um espírito se prepara para reencarnar. Escolhe, por livre-arbítrio, a trajetória num determinado corpo físico, vinculado a família específica. A fim de garantir que reencarne nessa família e com o corpo a ele destinado, ingressa o determinismo do alto que, através de seus emissários, prepara o seu retorno á carne.
Uma vez reencarnado, e por estar ainda em fase infantil, desenvolvendo o seu discernimento e sua razão, ele se envolve em várias situações de risco, onde então vai imperar o determinismo para orientar os seus passos e garantir o seu amadurecimento no corpo material. Durante o seu crescimento aumentam as decisões livres que ele passa a tomar, elevando, ainda mais a sua responsabilidade em cada um de seus atos. Se durante a sua trajetória há a necessidade de reencontrar determinado inimigo do passado, que está reencarnado em algum lugar do globo, novamente o determinismo cuida de promover esse reencontro. Se o espírito tiver que se submeter a alguma prova para estimular o seu progresso espiritual é, por determinismo, colocado nessa situação de risco.
O espírito torna-se médico. À sua frente e em sua comunidade surge uma epidemia, que lhe obriga a responsabilidade de prestar socorro ao próximo. Por livre-arbítrio, ele pode ou não ajudar o seu semelhante. Caso decida ajudar, a convergência entre o determinismo do alto (que o coloca frente a uma epidemia) e o seu livre-arbítrio (decisão de ajudar o próximo)  acarreta o seu progresso espiritual. Caso deixe de prestar a ajuda pode contrair débitos, que serão resgatados futuramente e podendo até mesmo ficar estagnado nessa trajetória evolutiva.
Esse mecanismo continua existindo durante todo o seu estágio reencarnatório. Ao final, a última palavra cabe ao determinismo, quando chega o momento do seu desencarne, com o devido retorno á pátria espiritual para a sua devida avaliação. Assim sendo, o início e o fim da jornada na crosta terrestre se fazem por determinismo, quando chega o momento do seu desencarne, com o retorno á pátria espiritual para a sua devida avaliação.
Portanto, o início e o fim da jornada terrestre se dá por determinismo.
Algumas situações de risco são vivenciadas por determinismo, mas todas as ações e atitudes que implicam em decisões pessoais, que acabam gerando boas ou más consequencias para o homem, são tomadas por livre-arbítrio. Logo, deve-se ter em mente que nem tudo o que ocorre no mundo material se dá por força do determinismo, ou seja, pela vontade de Deus.
Há sempre a incidência do livre-arbítrio dos homens acarretando certas situações e trazendo determinadas consequencias. O homem tem, desde o seu reencarne, inúmeras provas ou expiações a enfrentar, necessitando do correto equilibrado uso do livre-arbítrio, ou seja, da faculdade de decidir os seus passos e o seu caminho, para poder triunfar em sua programação, alcançando a almejada depuração espiritual. Dessa forma, deve se ressaltar que o homem fazendo mau uso do livre-arbítrio pode ocasionar consequências desastrosas não só para ele, mas também para aqueles que estão a sua volta. Quando é o caso, a espiritualidade intervém em favor daqueles que seriam prejudicados pela má utilização do seu livre-arbítrio, impedindo que os efeitos negativos ultrapassem a sua própria pessoa. Neste caso, está o determinismo interferindo em uma situação de risco para que haja equilíbrio nas relações humanas, conforme a programação superior.
E, muito embora a teoria do risco tenha sempre por base a integração do determinismo com o livre-arbítrio, pode acontecer, quando isso é conveniente, que a espiritualidade maior não intervenha e portanto os efeitos negativos do mau uso do livre-arbítrio de um encarnado possam atingir também a terceiros. Neste caso a programação evolutiva de todos assim o permite.
Enquanto o homem fizer mau uso de seu livre-arbítrio, isso só ira lhe causar mais prejuízos, aumentando os seus débitos, ao passo que o seu bom uso, além de lhe proporcionar progressos, pode também , através do determinismo a lhe minimizar as suas provas e expiações. Um exemplo disso é o caso de alguém que tendo por programação – por causa de erros do passado - alguma perda ou algum mal corporal, por acidente ou não. E durante a sua jornada física ele vivencia o apego a caridade, prática e distribuição do amor – por livre-arbítrio -, pode ele por determinismo ter o mérito suficiente para obter o abrandamento de suas expiações em face de dívidas pretéritas, que são aliviadas pela ação caritativa do presente.
Infelizmente muitas pessoas ainda conservam a falsa idéia de que tudo acontece por determinismo, ou seja, que esse é o mecanismo que impulsiona todas as trajetórias no plano físico do mundo. Assim sendo, a idéia que se tem, é que tudo de mal ou de bom que acontece no globo são a vontade de Deus, como se deus fosse responsável pelos erros e desvios dos homens. A lógica divina não é essa.
O livre-arbítrio tem relevância nesse contexto. Muitos prejuízos vividos pelo homem, são consequencias de seus próprios atos. Logo não é justo dizer: tudo está traçado pelo destino,  ou então dizer,  que todos os males terrenos são determinados pelo alto. Assim como também seria falso afirmar, que todos os males da humanidade são provenientes do livre-arbítrio do homem.
O absolutismo dessas posturas não corresponde À realidade do processo evolutivo, pois como já dissemos anteriormente, de acordo com a interação explicada pela teoria do risco, ora prevalece o livre-arbítrio, e ora prevalece e determinismo. Isto porque em qualquer lugar ou momento da jornada terrena pode surgir uma situação de risco, quando então, o encarnado tomará uma decisão, usando bem ou mal o seu livre-arbítrio.
Essa situação de risco pode ser criada por determinismo ou por livre-arbítrio.
Outro tema relevante que tem relação com a teoria do risco é a lei de ação e reação. Para toda a ação praticada pelo homem, intencionalmente, vai corresponder uma reação em igual sentido. Assim, atos bons trazem efeitos positivos. Atos maus acarretam retornos negativos. Para garantir a ocorrência da reação, existe um mecanismo que não pode ser afastado, que é o determinismo. Para o desencadeamento de ações conscientes, se torna fundamental o exercício do livre-arbítrio.
Portanto, para cada ação intencional (que é a utilização do livre-arbítrio), existe, por determinismo, uma reação. E essa, é a relação da teoria do risco com a lei de ação e reação. Num contexto maior, se pode vislumbrar a importância desta teoria em termos de reencarnação: cada existência física que o homem vivência é composta de inúmeras situações de risco e a própria existência representa uma jornada de risco.
O homem responde pelo conjunto dos atos praticados ao longo de sua vida material e o resultado dessa avaliação vai constatar a sua evolução, a contração de novos débitos ou mesmo a estagnação.
Existem reencarnações de conteúdo predominantemente expiatório, ou seja, um retorno á matéria para expiar grandes erros do passado, e essa reencarnação é uma reação a uma trajetória anteriormente vivenciada.
Ilustrando, vejamos o seguinte quadro comparando a reencarnação atual com uma situação de risco, sob o prisma da lei de ação e reação.

Dentro da lei de ação e reação:
Ação (  livre-arbítrio)
Reação ( determinismo)

Dentro da teoria de risco:
1)     Situação de risco: envolve uma decisão (livre-arbítrio), positiva ou negativa, que acarreta uma reação em igual sentido (determinismo).
2)     Reencarnação: envolve um conjunto de decisões e ações do encarnado (livre-arbítrio) que lhe trás, como reação, outra reencarnação, cuja programação leva em conta a trajetória física anterior     (determinismo)
Pela lógica da teoria do risco, o bom uso do livre-arbítrio tem a força de modificar, quando possível, o determinismo do alto. Agora, uma das regras da teoria do risco é que o mal nunca, jamais, é fruto do determinismo e sim sempre é fruto do livre-arbítrio que é utilizado erroneamente.
O plano superior nunca conduz nenhum encarnado a cometer atos incompatíveis com os ensinamentos de Jesus. O que pode fazer é conduzir, por determinismo, duas pessoas a terem um encontro, para resgates mútuos. E o resultado  negativo desse encontro  (determinismo) é sempre fruto das decisões dos próprios homens envolvidos (livre-arbítrio), ou seja, um mal (vivenciado individual ou coletivamente), somente pode ser fruto do livre-arbítrio. Um bem (vivenciado individual ou coletivamente), pode ser tanto fruto do livre-arbítrio como do determinismo.
Existem duas situações de especial relevância na jornada evolutiva dos seres humanos (que não veremos agora) que merecem ser vistas á luz da teoria do risco: o suicídio e o duelo.

Conclusão

É importante frisar, que Deus sabe com antecendência tudo o que acontece, seja em termos de determinismo ou de livre-arbítrio. Assim cada passo que é dado pelo homem é conhecido pela sabedoria divina, antes mesmo de ser decidido. Entretanto, mesmo Deus sabendo de antemão todos os passos que serão dados pelo homem e tendo plena consciência dos caminhos que serão seguidos por seus filhos, ele não retira de qualquer ser humano a possibilidade da plena utilização de seu livre-arbítrio.
A princípio isso parece contraditório, porque poderia se argumentar que se Deus sabe qual será a decisão futura do homem, logo, o homem estaria limitado a tomar decisões sob esse prisma divino. No entanto a contradição não existe, porque o conhecimento de todas as coisas por parte de deus, está inserida num contexto maior, ou seja: a onipotência e a onisciência do criador.
Esses atributos exclusivos de Deus explicam, claramente, ser o conhecimento divino uma consequencia lógica do seu poder absoluto e de seu conhecimento pleno sobre todas as coisas. Conhecer previamente, a decisão adotada pelo encarnado não retira dele a capacidade de decisão.
O homem escolhe o seu caminho e Deus já conhece, de antemão. A decisão de escolha é do homem (livre-arbítrio). Pretender ter um esclarecimento mais amplo a esse respeito é tentar desvendar a natureza de Deus, que para nós encarnados, está longe de ser conhecida. Nas palavras de kardec “ a inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreendera natureza íntima de deus”
Como sabemos que nada acontece por acaso, e não há sofrimento sem causa e nem dádiva sem merecimento. Portanto, o livre-arbítrio é a faculdade que Deus deu ao homem para que ele se conduza dentro dos parâmetros cristãos, e o determinismo atua para corrigir eventuais distorções que venham a surgir ao longo de nossas jornadas. E a teoria do risco visa facilitar o entendimento do presente e do futuro, aumentando as possibilidades de êxito de todo o encarnado, rumo ao aperfeiçoamento do seu espírito, levando-o a se sentir cada vez mais realizado e feliz, com a compreensão do funcionamento da lei de ação e reação e a visão reencarnacionista da sua existência.

Consulta:
Espiritismo Aplicado (Elizeu Rigonati)