domingo, 25 de setembro de 2011

Nossos pensamentos


Por - Gilberto L. Tomasi

Por mais que queiramos é impossível vivermos sem pensar, nem por um segundo apenas conseguiremos. Segundo Joana D’Angelis, pensamos cerca de 60.000 mil vezes por dia. Querendo ou não, o pensamento brota do íntimo de nosso espírito, fazendo com que passemos à ação. 
O pensamento pode fluir de duas formas: Manso, suave, dócil, facilmente controlável, ou impetuoso, descontrolado, furioso incontrolável, totalmente fora de controle.
Freqüentemente somos tomados por estranhos pensamentos que se apresentam de maneira inoportuna e, perguntamos desapontados de onde eles teriam vindo.
E questionamos de onde se origina o pensamento?
No fundo de todo pensamento há um desejo; não pensamos aquilo que não desejamos; e basta desejarmos uma coisa qualquer que seja, para que imediatamente se gere uma série de pensamentos em torno do objeto desejado.
Desde os mais simples atos que praticamos quase que de forma maquinal, até os mais complexos que exigem grande reflexão para serem executados, todos se originam de um desejo inicial; porque o desejo é o gerador do pensamento; e os pensamentos são os geradores de nossos atos.
Uma vez que o desejo reside, invariavelmente na base de nossos pensamentos, concluímos que a melhor maneira de controlarmos os nossos pensamentos é controlar os nossos desejos.
Se não exercemos um controle sobre nossos desejos, acontecerá que passaremos a desejar muito, ou a desejar coisas fora de nosso alcance; daí se estabelecerá em nossa mente um emaranhado de pensamentos que nos fará sofrer, ou nos levará a praticar ações funestas, porque se o desejo é a base de nossos pensamentos, nossos pensamentos são a base de nossos atos e de nossas manifestações.
Logo, para adquirirmos a capacidade de reger nossos pensamentos, para que eles não se tornem uma carga excessiva e dolorosa em nossa mente, precisamos, antes de mais nada, governar  e controlar os nossos desejos.
É justo que para dominarmos os nossos desejos, devemos submetê-los a uma análise rigorosa. Assim, ao desejarmos qualquer coisa, façamos a nós próprios as seguintes perguntas e, sejamos sinceros em respondê-las.
1) prejudicarei a meu semelhante com a realização deste meu desejo?
2) estarei prejudicando o meu progresso espiritual com este meu desejo?
3) estará este meu desejo de conformidade com a  lei “não fazer aos outros o que não desejo para mim”?
Uma vez feita a análise dos nossos desejos, estaremos em condições de guiar nossos pensamentos, desde que tenhamos a coragem de abandonar os desejos insensatos.
Devemos lembrar, contudo, de vivermos uma vida simples, e uma vida simples tem necessidades simples, que promovem desejos simples, que faz nascer pensamentos simples, que acabam gerando atos simples e dignos.
Podemos classificar os pensamentos da maioria dos encarnados em três grupos:
1)pensamentos glorificados, 2)pensamentos raciocinados e 3)pensamentos inferiores, a saber: pensamentos glorificados: são todos aqueles que se formam em nossa mente, mediante desejos nobres tais como: amor puro, paz, alegria, otimismo, fraternidade, perdão, compreensão, tolerância, sacrifício, de renúncia e de todos os outros sentimentos que estiverem de acordo com as leis divinas e os ensinamentos de Jesus.
Os pensamentos glorificados se originam do sentimento da fraternidade irrestrita, que é a causa primária de todos os que acabamos de enumerar.
Pensamentos glorificados geram as ações nobres que irão beneficiar todos os nossos campos de ação, família, trabalho, sociedade, enfim a humanidade toda, e eles constituem uma fortaleza moral que nos guarda contra as investidas do mal.
Os pensamentos raciocinados, são aqueles que emitimos pelo desejo de bem cumprir as nossas obrigações diárias. Podemos tomar como pensamento raciocinado todos aqueles que nos compelem a tratar da parte material de nossa existência na terra, tais como:  pensamento de trabalho, de conforto, de progresso material e de todos os outros pensamentos relacionados a parte material de nossa vida, sempre baseados é lógico  na honestidade.
Já, os pensamentos inferiores são aqueles que nascem em nossa mente, oriundos das paixões e vícios que alimentamos, como: pensamentos de ódio, inveja, ironia, raiva, ira, escárnio, ambição, cobiça intolerância e principalmente o orgulho, o que só demonstra a inferioridade de nossos sentimentos.
Seria bom se todos os nossos pensamentos fossem elevados, isto é, glorificados ou raciocinados, pensamentos inferiores nunca deveriam abrigar o nosso cérebro.
Porém, não somente em  nosso cérebro se formam pensamentos, nós também recebemos pensamentos emitidos de outros cérebros, que são as chamadas vibrações mentais.
Nossa mente está aberta a todas as vibrações mentais que cruzam incessantemente o espaço, provindas de todas as direções e dos mais variados núcleos vibratórios.
No entanto, somente as pessoas muito espiritualizadas conseguem se manter em alto padrão vibratório,  na grande maioria há quedas de vibrações. E, sempre que houver queda de vibração, nós passamos a receber as baixas vibrações que são emanadas de núcleos inferiores, daí então, se formarem às vezes, em nosso cérebro, desejos e pensamentos mesquinhos e inferiores, que não condizem com nossa formação com a nossa educação e com os nossos princípios.
Como sabemos que essas baixas vibrações nos atingem somente porque encontram receptividade de nossa parte, devemos resistir para não ceder a elas.
Há de se perguntar, porque nós não podemos nos manter sempre em nível de vibração elevada? Porque há queda de vibrações?
As dificuldades, os fatos inesperados que nos sucedem, os negócios, enfim, as variadas circunstâncias da vida, são fatores que contribuem para que haja queda de nossas vibrações mentais.  Essas situações atrapalham o pensamento, o que constitui uma carga pesada para seguir o caminho espiritual.
Portanto, é importante nós colocarmos em ordem a parte material de nossa existência, para que a nossa mente possa se dedicar livremente ao progresso espiritual.
A partir do momento em que as coisas materiais estejam garantidas, ainda que modestamente, por um viver bem organizado, não haverá grandes interferências delas em nossos pensamentos, porque, estaremos em paz íntima que um viver bem organizado proporciona. Não se quer dizer com isso, que é necessário se tornar rico, com posses, para se conseguir atingir as metas espirituais. O que é preciso, é que haja uma organização material em nossas vidas, mesmo sendo em bases pobres e modestas, de modo que tenhamos tanquilidade para o cultivo das coisas espirituais.
Nossos pensamentos irão determinar o estado de nossa consciência: Pensamentos inferiores sujam e corrompem nossa consciência, e acabam gerando, quando se apresenta uma oportunidade, ações inferiores, das quais nascerão, cedo ou tarde, o remorso, e o arrependimento. Ficamos então com a consciência perturbada, desaparecendo a paz e a serenidade. E para reparar a consciência perturbada só há um caminho: corrigir as más ações praticadas. E, para isso, o primeiro cuidado é modificar a qualidade dos nossos pensamentos, substituindo os inferiores por pensamentos glorificados e raciocinados.
Pode-se definir a consciência como sendo um sentimento íntimo que nos leva a praticar algum ato. Como sabemos, que toda ação é seguida de uma reação, desse modo, todas as nossas ações reagem sobre a nossa consciência, determinando o nosso estado moral e consequentemente nosso estado mental. Poderíamos dizer que existem duas espécies de consciência: 1)consciência educada moralmente, 2)consciência adormecida moralmente.
A consciência educada moralmente pertence à pessoa que ao praticar uma ação, compreende pela reação que ela produz, se a sua ação foi boa ou má, se sentindo gratificada se foi boa, ou deprimida se foi má. É o que chamamos a voz da consciência, que aprova ou desaprova nossos atos, que são oriundos dos nossos pensamentos.
Assim as consciências educadas já estão fortificadas no caminho reto do bem, quando erram, percebem o erro e trabalham para corrigi-lo sem demora.
Exemplo: Pedro que nega Jesus, logo que errou, Pedro percebeu o erro. Sua consciência educada nos princípios evangélicos, imediatamente o advertiu, e Pedro se arrepende e chora, mas se levanta decidido a corrigir o erro, lutando pela causa de Jesus.
Já a consciência adormecida é aquela que ainda não se libertou dos instintos primários do mal. Existem duas espécies de consciências adormecidas: 1)as que lesam seus semelhantes, alheias ao mal que estão praticando, 2) as que sabem que estão agindo mal, porém indiferentes persistem.
Tais consciências não escaparão, contudo, da lei de causa e efeito, porque é da lei que recebamos sempre de conformidade com o que dermos, que colhamos de acordo com que plantarmos
E, com o impacto da lei do choque de retorno, as consciências que agem sem saber o que estão fazendo, entrarão no caminho da educação moral, e aquelas que agem erroneamente, sabendo que estão erradas, sairão da indiferença, pelo menos esse é o objetivo.
E o auxílio que se deve dar para as pessoas com a consciência adormecida, é a boa vontade para com elas, isto porque são espíritos doentes que precisam ser curados, porque embora desejem se reabilitar, mas, sendo fracos, não se animam.
Por outro lado, existem outros que querem se reabilitar, mas não encontram ambientes favoráveis. É preciso que resguardemos e tenhamos muito cuidado para preservar nossa mente e nossos pensamentos das idéias fixas, opressivas, aviltantes, porque isso constitui verdadeiros cárceres mentais, porque mesmo que a pessoa tenha seu corpo físico em liberdade, o seu espírito às vezes se sente prisioneiro dessas idéias inferiores.
E, isso se levado ao extremo, se transforma em pensamentos desvairados e torturados que desequilibram a mente, chegando a levar a loucura.
Idéias fixas se formam de um amontoado de pensamentos inferiores e desordenados, direcionados a um único fim. Ou seja: tudo quanto a pessoa faz, pensa, ouve ou vê os outros fazerem, se encaminha para uma idéia fixa que acaba lhe obsediando.
São dessas idéias fixas que se originam os crimes, as ambições, que frequentemente levam a pessoa à ruína.
O pensamento é uma vibração mental. Essas vibrações mentais são irradiadas de nossa mente. Se nós pudéssemos ver essas vibrações, nós as veríamos em forma de estranhos filamentos que se entrelaçam, sem se confundirem uns com os outros. Eles são possuídos de um movimento vibratório natural, sem serem uniformes em suas particularidades, e como  esses filamentos são coloridos, a suas cores variam do escuro ao claro mais brilhante. Logo, conclui-se que o pensamento é luz.
E como sabemos que a luz toma a cor do vidro que filtra, assim também os nosso pensamentos tomam a cor dos nossos desejos e das ações  que esses desejos determinam.
A quantidade de cores do pensamento é muito grande, indo desde a luz mais intensa até o preto, que é a negação da luz. Alguns exemplos: 1)prateada – pensamentos sábios, 2) branco – pensamentos puros, 3) azul – pensamentos cultos, 4)rosa – pensamentos de amor e virtude, 5) lilás – pensamentos de religiosidade, 6)cinza-claro – pensamentos de caridade, 7)cinza escuro  - pensamentos de devotamento, 8)verde-claro – pensamentos de transição (matéria e espírito), 9)marrom – pensamentos materiais, 10)preto – pensamentos de negação.
A lei de afinidade determina que os iguais se atraiam e se procurem, e que os contrários se repilam e se evitem e, isso serve para o pensamento, ou seja, pensamentos iguais se atraem, pensamentos diferentes se repelem. Assim: quando emitimos pensamentos  glorificados, vamos sintonizar com a faixa esplendorosa, raciocinados, vamos sintonizar com a fixa luminosa, materiais, vamos sintonizar com a faixa escura, fixos, opressivos e aviltantes criminosos, vamos sintonizar com a faixa das trevas.
Isso porque as nossas vibrações mentais se dirigem para a faixa mental que lhe é afim, onde transitam pensamentos iguais aos nossos que são emitidos tanto por encarnados como por desencarnados.
Os pensamentos que habitualmente mantemos enquanto encarnados, vão determinar a nossa posição no mundo espiritual depois que desencarnarmos.
As faixas mentais são também regiões do mundo espiritual, assim, as faixas de pensamentos glorificados e raciocinados formam as zonas luminosas, onde  gravitam as esferas espirituais felizes. Já  as faixa de pensamentos inferiores constituem as regiões sombrias e trevosas, nas quais falta a luz e sobra sofrimento.
Logo, nós sabemos exatamente para onde iremos após o desencarne. A nossa vida aqui na terra se molda  conforme os nossos pensamentos, que por sua vez, se plasmam segundo os nossos desejos, que se transformam em atos. Já, o espírito desencarnado precisa controlar muito bem os seus pensamentos, porque como no mundo espiritual não existe a barreira da matéria como aqui na terra, é o pensamento que impulsiona o espírito.
Assim sendo, é importante que nos habituemos  a ter controle sobre nossos pensamentos para que  não sejamos torturados mentais quando deixarmos o corpo físico.
Resumindo: Diremos que durante nossa permanência na terra, estamos simplesmente sintonizados com as faixas mentais. Porém quando desencarnarmos, nós não estaremos apenas sintonizados, nós passaremos a viver na zona correspondente com a faixa mental com a qual estávamos sintonizados.
E, se nós nos dirigirmos para zonas escuras ou de trevas, teremos de sofrer longo, doloroso e laborioso período de reajustamento mental, antes que possamos enxergar a luz.
 Não são somente os nossos próprios pensamentos que irão nos levar para as regiões luminosas ou trevosas. Os pensamentos que os outros nutrem para conosco, vão influenciar decisivamente sobre nós.
Se outras pessoas sintonizarem com as faixas luminosas, emitindo pensamentos corretos a nosso favor, fluídos saudáveis descerão sobre a pessoa que está emitindo  pensamentos bondosos e também sobre nós que contribuímos para a emissão desses pensamentos. Porém se alguém sintonizar regiões trevosas e inferiores, alimentando pensamentos deformados ou maus contra nós, fluídos negros envolverão essa pessoa e virão até nós por termos dado causa para a emissão desses pensamentos inferiores.
Finalizando, é importante notar que os nossos pensamentos geram os nossos atos e que os nossos atos geram o pensamento dos outros.

Compilado a partir dos livros: Espiritismo Aplicado (Elizeu Rigonati), Cartas de uma Morta (Chico Xavier)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Capitão Maurício - Patrono da Cruzada dos Militares Espíritas


Sendo militar do Exército e membro da Cruzada dos Militares Espíritas, não poderia deixar passar em brancas nuvens a data de 22 de setembro. Dia em que se presta a devida homenagem ao Patrono Espiritual da Cruzada dos Militares Espíritas, Capitão Maurício. Abaixo transcrevemos um breve histórico deste heróico Cristão. Paz e Luz - Joilson


“No ano de 284 ascendia à direção do Império Romano Diocleciano, soldado favorecido pela fortuna, enérgico e hábil. Para minimizar os inúmeros e graves problemas que se apresentavam num vasto império com sinais inequívocos de decadência, decidiu ele associar ao governo, em 285, outro soldado experimentado, Maximiniano, com o título de césar, reservando para si o título de augusto. Mais tarde, em 292, Maximiniano passava à condição de augusto, e eram nomeados dois césares, dando início ao que se conhece por tetrarquia.
Uma das primeiras missões atribuídas a Maximiniano, foi debelar a revolta dos bagaudos, povos germânicos que habitavam, então, a Gália, em território da atual Suiça. Maximiniano reúne um exército na Itália, do qual faziam parte alguns corpos vindos do Oriente, e com ele cruza o passo do Grande São Bernardo (Summus Penninos), no outono de 286. Um desses corpos orientais era formado por soldados cristãos, e se encontrava sob o comando de Maurício.
A tradição chama-o de "legião tebana", embora se tratasse, ao que parece à crítica moderna, de uma coorte auxiliar. Dada a tradição se referir a uma "legião", e como as legiões no período republicano e na fase inicial do império possuíssem efetivos aproximados de 6.600 homens, exagerava-se o efetivo da tropa de Maurício. Nesta época as legiões já tinham efetivo reduzido, e logo depois, sob Constantino, passariam a ter, oficialmente, 1.000 homens. Seria muito difícil falar-se, nestes tempos recuados, de grandes efetivos de soldados cristãos.
Todavia, a indicação "legião tebana" é, de fato, encontrada com certa frequência, no século IV, não só no Egito, como na Trácia e na Itália. Seja como for o gentílico desta tropa não dá margem a dúvidas: era originária da Tebaida, no alto Egito.O exército acampou em Octodorum (atual Martigny, Suiça), mas a coorte auxiliar tebana assentou acampamento em Agauno (hoje St-Maurice, Cantão do Vallais, Suiça), próximo a Octodorum. Antes da campanha, Maximiniano determinou os solenes sacrifícios propiciatórios aos deuses, entre os quais contavam-se, necessariamente, Roma e Augusto, além dos próprios césares em exercício. Nestas ocasiões eram renovados os juramentos de fidelidade. Maurício e seus homens recusaram-se a abdicar de seus princípios e a trair a própria consciência. Maximiniano, contrariado, determinou uma primeira dizimação, o sacrifício de 1 soldado em cada grupo de 10. A ação cruel não surtiu o efeito intimidador, sendo determinada uma segunda dizimação, que também fracassou em seus propósitos. Enfurecido ante a resistência estóica, Maximiano determina o sacrifício dos sobreviventes, todos decapitados. Escrevia-se com sangue, nos campos de Agauno, uma das páginas mais impressionantes do martirológio cristão, que a tradição registrou como sendo 22 de setembro de 286.
Posteriormente, a Igreja Católica conduziu Maurício à dignidade dos altares, santificando-o. A 22 de setembro de 515, o bispo São Avito, de Vienne, na França, pronunciou homilia para a inauguração da basílica mandada edificar, pelo rei borgúndio Sigismundo, em Agauno, a fim de recolher os supostos despojos dos mártires da "legião tebana", encontrados por volta de 380, quando de uma cheia do rio Ródano.
O culto a São Maurício fez rápidos progressos na Europa. Durante a Idade Média surgiram ordens de cavalaria sob o seu patrocínio, como as dos Santos Lázaro e Maurício, na Savoia (Itália) e a do Tosão de Ouro, na Espanha. É curioso lembrar que, dada a sua origem egípcia, Maurício é representado nas artes, muitas vezes, como homem de cor, ou com características físicas da raça negra.
O significado deste sacrifício foi muito bem exposto pela sempre lembrada figura do venerável Gen Duque-Estrada, conforme consta de O Cruzado de setembro de 1959, do qual extraímos:
"Por certo, espetáculo igual jamais ocorrera em qualquer época, em parte alguma, de estoicismo, de devotamento a uma causa, de renüncia coletiva, como o que legaram ao mundo Maurício e seus comandados.Repetiam-se, com frequência, para gáudio dos césares e divertimento das massas embrutecidas pelos prazeres fácies, as cenas horripilantes dos circos de Roma.
No entanto, não poderiam ter a significação, não eram comparáveis à epopéia vivida pela Legião Tebana. De um lado, tratava-se de seres indefesos, que possuíam a couraça única de sua crença, a ampará-los na prova suprema, do outro, uma energia capaz de resistir e vencer, que se conservava, deliberadamente, em estado potencial apenas, robustecendo e amparando uma vontade de exaltar os espíritos em busca do Pai amoroso e bom. 
Ao invés de um ato de rebeldia, de insubordinação, Maurício dá o exemplo de disciplina consciente e perfeita, serena e justa, sofrendo a punição imposta pela vontade desmedida do chefe terreno, ao mesmo tempo obedecendo sem vacilações, com humildade e energia, aos ditames da consciência e da razão. Tornou bem claro, pôs em evidência, com o ato que praticou, a separação que deve existir, sem tergiversações, entre os poderes temporal e espiritual, entre o que é da matéria e o que é do espírito.Foi esse, Maurício, Patrono e Guia que a vontade do Alto destinou à Cruzada dos Militares Espíritas, para ampará-la e orientá-la, estimulando-a e guiando-a na missão que lhe foi confiada da prática do Evangelho".

domingo, 18 de setembro de 2011

A conduta do verdadeiro espírita



Por - Gilberto L. Tomasi

 Para darmos os passos iniciais, ainda que tardiamente, ao nosso processo de reforma íntima, sem a qual não chegaremos a lugar nenhum, faz-se necessário uma introspecção, uma auto-análise, para que possamos ver como anda nossa situação moral e espiritual, condição mínina para iniciar esta caminhada.
 Ao nos auto-analisarmos, veremos, que ainda nos encontramos como verdadeira pedra bruta que merece ser lapidada para podermos então colocar em prática nossa capacidade intelectual ao encontro da espiritualidade, que nos é colocada de forma clara e objetiva pela Doutrina dos Espíritos. A partir daí, nossa missão será espalhar a luz, a verdade e procurar reunir o que está esparso, perdido e adormecido dentro de nós.
Segundo passo, é estarmos sempre consagrados à nossa capacidade e firmeza de caráter, à nossa moral íntegra que não deve nunca se perder com o nosso dever, sendo sempre um ser que se sobrepõe a si mesmo, que se liberta das baixas influências, se liberta das baixas situações da convivência em grupos, para viver nos outros, isto é, espalhar a luz e fazer mais forte a fraternidade humana.
A Doutrina dos Espíritos nos mostra que devemos morrer para nossos vícios e paixões, devendo nos libertar das influências e das ilusões que não agregam nada em nossa trajetória. O espiritismo nos faz renascer do nosso estado de ignorância e inocência, no amor que fortalece, na verdade que dignifica e na virtude que sublima, para, no cumprimento do nosso dever como cristãos, sacrificar-se pelo próximo e pela humanidade como um todo. São esses os objetivos reais de nossa jornada em busca do renascimento, ou seja, das mudanças necessárias à nossa evolução.
O espírita verdadeiro, é aquele que deve ser mais do que os outros, deve ser mais sábio, mais justo, mais verdadeiro, mais compreensivo, deve ser possuidor de uma moral intelectual e espiritual mais ampla, deve ser um homem superior em todos os sentidos, pois é aquele que já superou o estado puramente humano da evolução e se converteu em mais que humano, pois já percebe que o espírito se sobrepõe à matéria.
Assim sendo, a qualidade soberana do discernimento deve ser a qualificação inicial necessária para o verdadeiro espírita, pois, seria inútil empreender o estudo e as práticas do magistério sem conhecer esta qualidade preliminar e fundamental.
O espiritismo nos ensina a pensar por nós mesmos e a fazer o bem pelo bem, independentemente e acima de qualquer outra consideração, pois só a Luz da Verdade e da Virtude podem encontrar o conhecimento necessário para passar por essa jornada e aspirar a evolução pela mudança dos nossos hábitos e condutas rumo à um   estado mais elevado.
Somente poderemos ser considerados verdadeiros espíritas depois de passarmos e superarmos a prova da “morte” terrena e do renascimento.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Arrependimento



Por - Gilberto L. Tomasi


(...) O arrependimento já é uma característica de evolução do espírito. Allan Kardec caracteriza o arrependimento em três hipóteses: desejo de melhora, sentimento de culpa e esforço de superação. (O Livro dos Espíritos)
Essas afirmativas, passadas à Kardec pelo mundo espiritual nos dá a certeza de que, quando tomamos consciência dos erros cometidos, começamos nossa jornada, mesmo que timidamente, de evolução moral.
Mas, o que significa arrependimento e porque sofremos com ele? Freud afirma que o arrependimento está paralelamente ligado ao sentimento de culpa por alguma coisa errada que o homem pratica e tem consciência do ato praticado. Porém, a maioria ainda convive e sofre com esses sentimentos, arrependimento e culpa, sem nada fazer para corrigir ou superar os erros cometidos e, passam a vida inteira sofrendo estacionados e inertes diante do fato.
Com relação às hipóteses do arrependimento, conforme palavras de Kardec, o desejo de melhora não é muito simples e fácil de aceitar, haja vista, que isso implica em reconhecer nossa inferioridade moral, ou “reconhecer a própria sombra”, (Ermance Dufaux – Reforma Íntima sem Martírios). Porém, não existe outra maneira ou outro caminho para o arrependimento senão reconhecer de imediato que ainda somos imperfeitos e, que devemos dia-a-dia fazer um esforço muito grande para darmos os passos iniciais à nossa reforma íntima.
O Evangelho Segundo o Espiritismo narra o episódio de Santo Agostinho ensinando que devemos sim, todos os dias antes de dormir, refletir sobre tudo o que fizemos ou deixamos de fazer de bom ou ruim e repetir sempre aquilo que foi  bem feito e corrigir logo tudo o que foi o mal feito sempre que tivermos oportunidade para tal.
Sofremos muito convivendo com o sentimento de culpa sem entender, conforme nos falam os espíritos superiores, que no estágio em que nos encontramos nesta encarnação se não fosse esse sentimento, a culpa, não iríamos sair do lugar, pois é justamente o sentimento de culpa, de ter feito algo errado ou de não ter feito algo de bom, que nos empurra para o progresso e para a evolução, entendendo que os erros devem servir de ponto de partida para nosso futuro e não como prisão mental, moral ou espiritual.
A terceira hipótese para conquistar equilíbrio no processo do arrependimento, conforme Kardec, é o esforço, juntamente com o desejo e força de vontade de reparar toda e qualquer situação equivocada. Isto nos faz lembrar Paulo de Tarso que disse “A mim, que fui antes recrimino, perseguidor e injuriador, mas alcancei a misericórdia de Deus porque o fiz por ignorância e por ser incrédulo”.
Todos nós sabemos que Paulo era antes Saulo o soldado que perseguia Jesus e passou a segui-lo após cair em si e enxergar o que antes seus olhos não viam. Acontece que ainda somos totalmente cegos diante de nossa real situação, ainda estamos arraigados à materialidade, à vaidade, ao ego, esquecendo de nos manter exatamente onde devemos estar, ou seja, ao aprendizado.
Não devemos conviver com a culpa e o arrependimento em auto-flagelação. Não precisamos sofrer e nos auto-punir, lembremos das palavras de Kardec, afirmando, que somente ocorrerá a regeneração do espírito quando este atingir as três condições para apagar os traços de seu erro, que são: arrependimento, expiação e reparação.   Não importa se sofremos nos arrependemos e nos culpamos  mais com o que deixamos de fazer ou com o que fizemos, o passado deve apenas servir como ponto de partida, vendo onde, como e porque agimos desta ou daquela maneira.
Joana D’Angelis nos chama atenção para a prática da oração em toda e qualquer situação que estejamos envolvidos.


 Fonte: “Considerando o Arrependimento” do livro Leis Morais da Vida – Item 11 – Divaldo Pereira Franco/Espírito Joanna de Ângelis