sexta-feira, 13 de maio de 2011

Provas




Por - Gilberto L. Tomasi
Fazendo uma análise técnica, no sentido real do vocábulo, veremos que: Prova é tudo o que demonstra ou estabelece a veracidade de uma proposição (ou seja: aquilo que se propõe), a verdade de uma coisa, a realidade de um fato, um testemunho, um indício. 
Provação é a ação ou efeito de provar, situação difícil, aflitiva, trabalhosa, dentro daquela verdade ou realidade da prova.
Castigo seria a punição que se aplica a um culpado.
Mas, para um entendimento mais amplo, necessário se faz fazermos também uma análise doutrinária mais racional.
Em artigo publicado na Revista Internacional do Espiritismo – 09/2001, vemos que, como espíritas que somos, obviamente que somos também reencarnacionistas e, é daí que vem o entendimento do processo evolutivo do ser no curso de sua eternidade, e compreendemos também que a interação entre os dois planos da vida faz parte desse contexto.
Como o espírito nunca regride em suas aquisições, sejam intelectuais ou morais, nós somos hoje mais desenvolvidos do éramos em milênios passados, quando ainda estávamos estagiando em diferentes civilizações de diversos continentes do nosso orbe.
Portanto, basta que nós olhemos as páginas da história para que tenhamos consciência de muitos e grandes equívocos e erros cometidos, que com certeza muitos deles ainda teremos que resgatar.
De queda em queda, e de aprendizado em aprendizado, devido a lei de causa e efeito que nos leva a refletir sobre os nossos atos – quando não aqui neste plano, com certeza no outro , espiritual - , nós vamos sendo pouco a pouco motivados ao exercício da fé raciocinada,  sabendo de onde viemos, para onde vamos, porque estamos aqui   e quais as condições inerentes a cada um, com seus desafios de toda ordem.
A reencarnação atual é de fundamental importância. É como se todas as existências materiais anteriores, mais os períodos intermediários vividos na erraticidade, tivessem preparados para nós condições de hoje podermos perseverar até o fim em nossas provas e programações – cuja abrangência abrange enganos do passado, oportunidades do presente e metas a serem alcançadas no futuro
Só que na prática infelizmente ainda não temos forças para colocar esse aprendizado já conquistado para fazer frente ás dificuldades que temos de vivenciar.
Léon Dennis (No Invisível) comenta: O esforço constante que viermos a fazer para o bem e o belo, para a superação das provas portanto, formam correntes   ascencionais que estabelecem as relações com os planos superiores e facilitam a penetração em nós de eflúvios divinos.
Na questão 909 do Livro dos Espíritos, kardec pergunta se o homem poderia sempre vencer suas más tendências pelos seus esforços.
Os espíritos benfeitores respondem que “sim, e algumas vezes por fracos esforços”, portanto é falta vontade, e encerram a pergunta com o seguinte comentário “ quão poucos dentre vós fazem esforços”
Isso explica então,  porque, os espíritos de forma geral, recuam com frequência diante das provas escolhidas e que não tem coragem de suportar, e diante desse recuo o espírito se desespera e perde os benefícios da prova.
E, recuamos, também, porque, em determinado momento, nós achamos por bem, não pagar mais as nossas dívidas, nós optamos então por pedir perdão das ofensas, na tentativa de nos livrar do problema, e acreditando que ele está resolvido.
E pior do que recuar diante das provas, é a revolta que alimentamos diante delas.
No Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. IX, ítem 8 , espírito de Lázaro diz: Que a revolta é uma insensatez que deixa cair o fardo da provação que a resignação e a obediência carregam com tranquilidade.
E, mesmo sendo beneficiados pelas fartas bondades que vem dos planos superiores da vida, nós ainda estamos reencarnando em planetas de provas e expiações, porque nos somos contra os elevados influxos do bem.Pagamos então, muito caro,o preço de nossa rebeldia.
O espiritismo, dando a conhecer a causa, o objetivo e as consequências das atribulações da vida, dá, ao mesmo tempo, tantas consolações e tanta coragem que pode fazer com que desviemos o pensamento de abreviar as provas.
Sabemos nós que as provas, muito embora sejam um benefício, causam dores e sofrimentos.
Caibar Schutel (Espírito), esclarece que devemos escolher o caminho e por ele seguir, aconteça o que acontecer.
Já, Leon Dennis, enfatiza que a partir do momento que nós estabelecemos o alvo da nossa existência, cientes dos percalços que enfrentaremos, uma grande revolução começa a se produzir em nossos intuitos, em nossos objetivos.
E, nesta caminhada, a superação das provas, dos sofrimentos pacientemente suportados, vão elevando e depurando aos poucos as moléculas do nosso perisipirito, fazendo então, suas vibrações de multiplicarem. Ou seja: Ao passo que vamos superando as dores e os sofrimentos que são provocados pelas provações, nós consumimos as partículas grosseiras do nosso perisipirito, e deixamos subsistir somente as vibrações mais sutis e mais delicadas.
Ao contrário do que acontece, quando nós, ao não termos forças de superação e nos deixamos levar pelas paixões materiais, achando que dores e sofrimentos, não são necessários, faz com que o nosso perispirito se torne mais denso e escuro.
Continua Leon Dennis: O universo é uma arena em que o espírito luta pelo seu engrandecimento, e este engrandecimento só será obtido através dos sacrifícios e dos sofrimentos, através da superação das provas.
As provações nos auxiliam a nos conhecermos melhor, nos auxiliam a dominar as nossas paixões. Todos ao males da vida nos ajudam pouco a pouco para o nosso aperfeiçoamento, seja pela dor, pela humilhação, pelas enfermidades, enfim, por todos os reveses.
E, aquele que consegue ir superando essas provações, vai lentamente, vagarosamente se desprendendo das mesmas.  Agora, como essas mudanças e essas aceitações são lentas e vagarosas, ainda existe mais sofrimento do que alegria.
A doutrina espírita é um apoio as nossas pretensões de mudanças, haja vista, que o espiritismo é eminentemente esclarecedor e jamais impõe as verdades que ensina e revela. O espiritismo se dirige sempre para a razão, mostrando antes de tudo, que a prática do bem e a lei de amor, principalmente quando somos provados, que são fundamentos da doutrina de Jesus, são o caminho que nos liberta dos sofrimentos, das provações, e nos conduz à felicidade.
Há muito a ser retificado na mente e no coração do homem. Cada um de nós terá de aprender a ser justo e fraterno e a combater as dificuldades, as provações, a partir de si mesmo.
Mas agimos contrariamente a partir do momento que achamos que as nossas provas serão superadas e  eliminadas e as mudanças alcançadas , quando exigimos que o outro mude primeiro.
A reforma íntima de cada um é imprescindível ao combate e ‘a superação das nossas provações, e cada um de nós tem o seu tempo para descobrir a forma mais justa de pagar dívidas ou reparar erros.      
E, essa reforma íntima, vai nos levar ao autoconhecimento, que sendo um processo de busca íntima, exige de nós condutas e atitudes coerentes, num constante esforço de interação para com a vida.
Saber se conduzir com equilíbrio requer assumir responsabilidades e compromissos com a encarnação, ter a sensibilidade e compreensão para com os próprios limites e possibilidades para vencer os obstáculos, as provações e as circunstâncias.
Compreensão significa certo grau de aceitação que o evangelho expressa como obediência e resignação diante das dificuldades.
 Obediência e resignação consignam ao homem examinar sua consciência, procedendo com nobreza de caráter, sabendo então superar as provações com sabedoria, bondade, prudência, porque são esses atributos que valorizam a missão do homem inteligente na terra.
E na medida que o homem adquire a maturidade psicológica e espiritual, a sua sabedoria começa a  se expressar com clareza e  lucidez, e começa também a agir com dignidade, começa a aprender a lidar com as crises, com as dificuldades, com o sofrimento.
 O desenvolvimento dessas qualidades proporcionam meios adequados ao auto-aperfeiçoamento e para a melhoria de comportamento, o que com certeza levará o homem as condições necessárias para a superação de suas provas.
Várias comunicações dadas por espíritos diferentes, qualificam indistintamente as expiações e as provas, como sendo males e tribulações que formam o quinhão de cada um de nós, durante a encarnação na terra.
Isso resulta na aplicação de duas palavras, muito diversas na significação, a uma mesma idéia, uma certa confusão, que é pouco importante para os espíritos desmaterializados, mas que, entre os encarnados, dá lugar a discussões, que seria bom fazer parar através de uma definição clara e precisa fornecida pelos espíritos superiores, e que fixassem  de modo irrevogável, este ponto de doutrina.
“Tanto expiação como provação, no sentido absoluto, parece que:
expiação seria o castigo ou a pena imposta para o resgate de uma falta, sendo que  o culpado teria total conhecimento da causa do castigo, ou seja , da falta que irá expiar.”
Compreende-se que, neste sentido, a expiação seja sempre imposta por Deus.
Já, a prova não implica a idéia de reparação específica, ela pode ser voluntária ou imposta, mas sempre é a consequência rigorosa e imediata das faltas cometidas.
A prova é um meio de constatar o estado de alguma coisa, para reconhecer se essa coisa é de boa ou má qualidade.
por exemplo:
Se submete a uma prova uma corda, um carro, um imóvel, não por causa de seu estado anterior, mas sim para se certificar se estão adequadas ao uso e ao serviço que estão destinadas.
Assim, por extensão, pode-se dizer que: As provas da vida, do conjunto de meios físicos ou morais que revelam a existência ou ausência de qualidades do espírito, que estabelecem sua perfeição ou os progressos por ele feitos para essa perfeição final.
Portanto, continua Kardec, “parece, pois, lógico admitir que expiação propriamente dita, e no sentido absoluto do vocábulo, ocorra no mundo espiritual, quando o espírito fica aguardando uma nova reencarnação, na qual as provas escolhidas ou impostas deverão permitir que o espírito faça um progresso para a perfeição que as faltas anteriores lhe impediram de se realizar.

FONTES:
Esp.aplicado (Elizeu Rigonati),
LE (Kardec),
ESE (Kardec),Ver.Esp. 1863 (Kardec),
Depois da Morte (Leon Dennis),
No Invisível (Leon Dennis),
Rev.Int.Esp.(09/01)

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