sábado, 29 de janeiro de 2011

ANO NOVO, VIDA NOVA ?



Todo ano é a mesma coisa, fazemos novos projetos, temos anseios, a aquisição de um carro novo, uma promoção no emprego, melhores oportunidades, novas perspectivas para uma vida melhor. No entanto muitas pessoas esquecem do principal; sua vida espiritual. Fazemos planejamentos para as conquistas materiais, isto é, quando fazemos, mas as conquistas espirituais, normalmente legamos a segundo plano, abaixo transcrevemos um texto em que nos permite planejar, de maneira gradativa, nossa melhora interior para o ano que se inicia.

“Transformar uma afirmativa em pergunta é fundamental para o que precisamos saber. Afinal, Ano-Novo significa realmente vida nova ou é apenas mais um período de tempo que começa, no qual a única situação que não muda são as atitudes pessoais?”
Não nos interessará, neste trabalho, fazer um comentário sobre os defeitos que alimentamos anos a fio, e que entrarão conosco, intactos e fortalecidos, no novo ano que ora chega. A proposta de agora é elaborar um projeto de vida perfeitamente aplicável a cada um, a ser construído durante todo o ano e não de uma vez só, como preferem os afoitos.

JANEIROPara janeiro, podemos projetar a coragem de assumir desafios. Desafios para mudar, para encarar os problemas e buscar tentativas de solucioná-los definitivamente. Quiçá, a primeira grande tarefa seja a do autodescobrimento, que abrirá no íntimo as expectativas radiantes de um novo ser, de coração voltado para o infinito das potencialidades imortais.

FEVEREIRO – Fevereiro nos aguarda pra que assumamos compromissos, numa época em que é notória a fuga das responsabilidades e das tarefas valiosas no bem. O lar nos espera, a Casa Espírita aguarda nossa colaboração, o Planeta conta com as boas vibrações do ser renovado que pretendemos ser.

MARÇO – Em março, quem sabe trabalhamos em nós a paciência, como lembrete de não esquecermos das tarefas dos meses anteriores. Será preciso que a tenhamos para enfrentar as próximas que haverão de vir.

ABRIL – Abril, por exemplo, poderá nos pedir uma preparação para enfrentar o inesperado; para tanto, é necessário o amparo da prece, o hábito da meditação, a bênção da serenidade e o conhecimento das próprias forças. O inesperado pode ser uma grande alegria (será recebida com equilíbrio) ou uma profunda tristeza (estaremos confiantes em Deus, que nos sustentará a resignação).

MAIO – Maio pode ser o do exercício da fé e da esperança. É preciso saibamos esperar com equilíbrio e com ponderação, a fim de suportar as pressões das forças contrárias ao bem, que começam dentro de nós.

JUNHO – Em junho, se algumas derrotas anteriores tiverem acontecido, valerá a pena pensar: “__ Eu sou capaz, não vou desistir (vou persistir). Minha vitória é a meta final”.

JULHO – Será o mês da sensibilidade. Por ela, poderemos apurar o sentimento e ouvir canções nunca antes ouvidas, cantadas pelo silêncio da natureza; são as melodias da alegria e da tristeza, dos corações que sorriem por fora mas choram por dentro; dos que falam muito, mas que dizem mais pelo que não verbalizam.

AGOSTO – Em agosto, abrir-nos-emos para o novo, mas não o novo pelo novo, e sim pelas perspectivas que podem ser inauguradas ao se abandonar o velho.

SETEMBRO – Para setembro, acionaremos a vontade, esse leme vigoroso a dirigir nossa empresa mental. A vontade nos auxiliará nos passos decisivos da transformação pessoal.

OUTUBRO – Nos aguarda para que tratemos nossas doenças. Sem dúvida, seremos nossos próprios médicos, promovendo nossa cura pessoal, através de decisões justas, que nunca se esquecem que entre nós e a Lei do Amor existe o próximo, a quem devemos gratidão.

NOVEMBRO – Em novembro, abriremos os canais do Espírito, tanto do gesto de dar quanto do de receber. Atenção para um detalhe: a capacidade de receber vai crescendo à medida que nos abrimos para a coragem de oferecer o que somos de melhor.

DEZEMBRO – Finalmente, em dezembro, faremos uma auto-avaliação. O que foi conquistado, o que ficou faltando, para que saibamos sair de nós mesmos e colaborar com mais eficácia no concerto da perfeição. Emmanuel diz que “recolhendo-nos, veremos o limite de tudo que nos cerca; expandindo-nos, conheceremos o infinito que nos envolve.

Mãos à obra, portanto. Feliz Ano-Novo, e bom projeto de vida!”

FONTE:
O Reformador, Janeiro, 1996 – pg 14
Carlos Augusto Abranches

A NOSSA FORÇA ESTÁ EM NOSSA UNIÃO


“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Salmo 133.1)
 
Joilson José Gonçalves Mendes

É comum observarmos nas diversas correntes filosóficas/religiosas o “efeito vai-e-vem”. Algumas pessoas quando estão em busca de respostas para os seus questionamentos ou para os (por quês?) da vida, muitas vezes em decorrência de um momento difícil, uma prova que o universo coloca diante daquele que está em débito com a Lei Divina ou até mesmo por curiosidade ou pela simples vontade de ampliar seus conhecimentos, procuram organismos em que acreditam trazer-lhes  luz a escuridão de sua ignorância.
Iniciam seus estudos com empolgação e entusiasmo, crentes de que encontraram o que buscavam. Tornam-se assíduos freqüentadores e após certo tempo de freqüência começam a dedicar-se em outras atividades inerentes ao organismo afiliado. Percebem que já não são mais a mesma pessoa, algo diferente aconteceu em seu interior, passam a ter uma compreensão diferenciada da existência e das coisas que acontecem ao seu redor. Observam certa melhora em sua vida, seja no campo profissional ou emocional.
Contudo, algo acontece e faz com que estas pessoas comecem a freqüentar com menor intensidade as reuniões de costume, já não estudam como antes, começam a deixar de lado alguns afazeres, ficam um tempo sem comparecer, então vivenciam o “efeito vai-e-vem”. Quando retornam chegam a fazer comentários como: “Eu estava sentindo falta dos nossos encontros.” Ou “Minha vida entrou em uma turbulência”. Não compreendem a razão de não sentirem mais aquela alegria contagiante de antes. Sentem-se enfraquecidas espiritualmente.
Os motivos pelos quais isto acontece são inúmeros, seja pelo fato de uma divergência com algum membro do grupo, falta de interesse, desmotivação, já terem suas necessidades supridas, alguns dirão que são influências de forças ocultas etc, etc, etc. A verdade é que: “A brasa longe da fogueira apaga.”
Sabemos que nosso pensamento é energia e tem influência na matéria. Normalmente quando grupos de pessoas se reúnem com interesses e objetivos comuns e mantém, por uma disciplina física, mental e espiritual a constância em seus encontros, cria-se uma egrégora que fortalece todos os participantes. Pessoas com uma sensibilidade maior percebem a diferença de vibração ao chegarem nestes locais. Seres espirituais mais adiantados também protegem a instituição com suas presenças e vibrações canalizadas do Cósmico.
Essa energia/egrégora criada em torno do local adentra nas estruturas mais recônditas dos freqüentadores, mudando, influenciando o subconsciente dos participantes. Esta vibração, de alguma maneira, acaba promovendo a cura de nossa alma em um nível que ainda desconhecemos. Infelizmente, poucas pessoas percebem este processo que, opera de maneira lenta, gradativa e diferenciada em cada pessoa, de acordo com os seus compromissos cármicos. E quando a pessoa se afasta, deixa de receber esta benção divina.
Todo estudioso do oculto deverá compreender estes ensinamentos e entender que também é uma peça importante na criação e manutenção da energia desenvolvida em torno do organismo a que pertence, podendo ser fortalecida ou enfraquecida com a sua presença ou ausência.  Considerando que tudo no universo é vibração, a nossa responsabilidade reveste-se de maior valor ao verificarmos os benefícios da egrégora, não somente para a instituição, mas também, para tudo e todos que se encontram ao seu redor.
Somos seres espirituais em evolução, já trilhamos um longo caminho e temos muito mais a trilhar. Existe uma força incrivelmente poderosa em cada um de nós esperando o nosso despertar. Não podemos evoluir em separado, evoluímos estando juntos, unidos e fortalecidos.
“Sois deuses”.  Jesus

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

CRISE MORAL


Conteúdo de palestra apresentada no Centro Espírita - Cumunhão Espírita Cristã de Curitiba

Por - Gilberto L. Tomasi

                     A nossa época é de perturbação e transição. E isso é explicável pelo fato de estarmos vivendo num mundo de prova e expiação.
                     A fé religiosa afrouxa e as grandes linhas da filosofia do futuro não aparecem senão a uma minoria de pesquisadores.  Ou seja: A fé é pequena entre os homens e uma vida espelhada num futuro melhor é apenas uma visão de poucas pessoas que se entregam em pesquisar o que virá ainda em seu benefício.
                    Certamente, a época em que vivemos é grande pela soma dos progressos realizados. A civilização moderna potentemente aparelhada, transformou a face da terra, aproximou os povos, suprimiu as distâncias, colocou o homem junto de seu semelhante lado a lado. E nestas transformações advindas através dos progressos realizados, as instituições se aprimoraram, o direito substituiu o privilégio, a liberdade do espírito de rotina e do princípio de autoridade.
                   Uma grande batalha empenha-se entre as lembranças de um passado que ainda insiste em sobreviver, e o futuro que faz esforços por vir. E em favor desta luta, passado, presente e futuro, o mundo agita-se e marcha, um impulso irresistível arrasta-o, e o caminho percorrido, os resultados adquiridos fazem-nos anunciar conquistas mais admiráveis, mais maravilhosas ainda.
                   Mas se nesta caminhada incessante do mundo, os progressos conseguidos na ordem física e intelectual, são notáveis, é, pelo contrário nulo o adiantamento moral. E de nada adianta os progressos conquistados pelo homem, com a descoberta de novas tecnologias, com a ciência descobrindo a cura de diversas doenças, se o mais importante de tudo, que é o crescimento moral e por conseguinte o crescimento espiritual ficar estagnado, parado, as vezes até andando para traz.
                   As sociedades humanas, febrilmente absorvidas pelas questões políticas, industriais e financeiras sacrificam seus interesses em benefício do bem estar material. É a matéria se sobrepondo sobre o espírito. E assim sendo se os progressos da civilização são visíveis sobre todos os aspectos, nem por isso, como tudo o que é feito pelo homem, deixa de ter sombras por baixo.
                   Mesmo o homem conseguindo melhorar as condições da existência,  ele conseguiu também multiplicar as necessidades da satisfação pessoal, aguçando os apetites, os desejos, o sensualismo e a depravação.
O amor pelo prazer, pelo luxo, pelas riquezas materiais, tornou-se mais e mais ardente. O Homem quer adquirir, possuir a todo custo, e essa necessidade do material, das falsas ilusões, resulta em especulações deprimentes que se ostentam á luz do dia.
                  Daí advém esse rebaixamento da moral e da consciência. E aparentemente, nada teria a doutrina Espírita a dizer, por exemplo sobre problemas como: distribuição de riquezas, luxos, vaidades, política, religião , etc..etc, uma vez que cumpre ao espiritismo cuidar essencialmente da vida extraterrena e portanto da parte espiritual do ser humano, e este realmente é o fundamento da doutrina dos espíritos.
                  Mas a doutrina espírita não é um livro apenas, nem uma tábua de prescrições de fé. Em seu conjunto, inteiramente homogêneo, o espiritismo é um corpo de princípios mais abrangentes, uma vez que engloba todas as posições do ser humano em relação não só ao mundo espiritual, mas também em relação ao mundo terreno.
                 A ciência e a tecnologia centuplicaram as riquezas da humanidade, mesmo que tais riquezas só tenham beneficiado a uma insignificante parcela de seus membros . Entenda-se por riqueza, não só os bens materiais, mas também as descobertas científicas e tecnológicas, ás quais a maioria não tem acesso.
                  O Homem conquistou riquezas, mas a solidariedade e a fraternidade, ocupam espaços apenas nos discursos. Ainda se morre de fome, ainda reina a corrupção, o vício, a injuria, a mentira. O homem enganado o seu semelhante,e com isso, excitando e debilitando o espírito e a alma.
                  Dia por dia, a desesperança e o suicídio fazem grandes devastações, as tragédias, os crimes hediondos aumentam em grandes proporções, e entre os envolvidos é considerável o número de adolescentes, que acabam se contagiando pelo meio em que vivem, pelos maus exemplos recebidos desde a infância, a falta de firmeza dos pais, a ausência da família, da fé e da oração. Nossos males ainda existem, apesar de todos os progressos conseguidos pela ciência e desenvolvidos pela instrução, porque o homem ignora a si próprio, o homem sabe pouco ou nada sabe das leis do universo, nada sabe das forças que estão dentro de si.
                 O conhece-te a ti mesmo, soa para a maioria dos homens como um apelo estéril, porque como desde o início dos tempos, a imensa maioria ainda ignora o que é, de onde veio, para onde vai, e qual o fim real de sua existência. E perdido dentro de sua própria existência o espírito humano flutua, indeciso, entre as solicitações de duas potências. Primeiro, as religiões, com seus erros e superstições, seu espírito de denominação e intolerância, mas também com as consolações advindas da fé que elas pregam. Segundo a ciência, materialista tanto em seus princípios como em seus fins, com exagerada inclinação para o individualismo, mas também com o prestígio de seus trabalhos e descobertas. E essa duas grandezas, a religião sem provas e a ciência sem ideal, se combatem sem que haja vencedor, porque cada uma delas corresponde a uma necessidade imperiosa do homem. A religião fala ao coração, e a ciência dirige-se ao espírito e a razão.
                E em torno de numerosas esperanças e grandes aspirações derrubadas, os sentimentos generosos se enfraquecem, a divisão e o ódio substituem a benevolência e a concórdia.  E no meio dessa confusão de idéias, a consciência perde sua bússola e sua rota e portanto ela caminha ao acaso, e na incerteza que pesa sobre ela, o bem e o justo se perdem, e as conseqüências desse conflito se fazem sentir por toda a parte, na família, no ensino e na sociedade.
               Na gênese – cap. III, Kardec cita, que os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provém de seu orgulho, sua ambição, dos seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades que elas arrastam, das dissenções, das injustiças, da opressão do fraco pelo mais forte, da maior parte afinal das enfermidades.
                E a doutrina espírita nos ensina que ninguém progride afastado de tudo e de todos, e a nós Espíritas é um chamamento a participarmos com responsabilidade e com uma conduta ética e moral a toda prova, no crescimento da sociedade, quer seja material ou espiritualmente, dentro de uma educação moral mais profunda, que oriente o homem para conviver com as mudanças com os fenômenos que o desafiam, sem se desgarrar do caminho seguro, sem abandonar os valores éticos de sua formação. E para o homem caminhar coesoe sair deste estado de crise, só há uma solucão:  Achar um caminho de conciliação entre duas forças inimigas, ou seja, o sentimento e a razão, para que as duas possam se unir para o bem e a salvação de todos.
              Isto porque todo o ser humano tem em si essas duas forças, e pelo sentimento ele pensa, e pela razão ele procede, e havendo acordo entre pensar e  proceder, acaba trazendo ao espírito o equilíbrio e harmonia. E enquanto havendo contradições entre essas duas forças, o sentimento e a razão, acarretará a desordem. E como tudo o que se produz em cada um de nós se manifesta na sociedade inteira, tudo portanto o que a sociedade vivência é uma amostra de nosso modo de agir e pensar.
              A idéia que o homem faz do universo, das suas leis, o papel que lhe cabe em sua existência, refletirá sobre toda a sua vida e influenciará em suas determinações. É segundo essa idéia que devemos traças para nós mesmos um plano de conduta e por ele caminharmos.
               Toda vez que uma nova concepção do mundo e da vida penetra no espírito humano e, aos poucos, se infiltra em todos os meios, a ordem social, as instituições e os costumes se ressentem logo, e quando essas novas concepções veem acompanhadas de um problema social, que é um problema de ética, acaba se transformando em problema moral, porque onde quer que ocorra alguma divergência entre os homens, haja diversidade de condições ou se apresentem desigualdades irredutíveis, vamos encontrar com certeza as influências da crise moral em que vive a humanidade. Onde quer que nos coloquemos para observar os fatos, ou qualquer manifestação humana, a causa moral desses efeitos é o que imediatamente nos chamará a atenção. E nenhuma transformação de ordem econômica ou social poderá modificar o estado presente de insegurança e de instabilidade se não vier acompanhada de uma transformação de ordem moral. E é exatamente esta postura o que nos propõe a doutrina espirita. Conclui-se então que todas as desigualdades sociais, as enfermidades, as desavenças ruidosas, os conflitos de interesses, tudo o que gera desgostos e infelicidades ao gênero humano, tem na ética e na moral do homem a sua causa e também o seu remédio, dependendo apenas de como o homem usa o seu livre arbítrio em função de sua ética e de sua moral.
             Jesus Cristo anunciava que os homens se amassem uns aos outros e se assim o fizessem, nenhuma pendência mais haveria entre eles, porque toda a questão, todo problema resulta da falta de entendimento, de concordância entre os homens. E como o homem ainda é um ser inferior, ele não sabe ser amável, ele não sabe sorrir, não sabe afagar, não sabe compreender, não sabe ouvir, não sabe dividir.
                Somente a partir do momento que os homens passarem a se entender, deixarão de lado o egoísmo, o orgulho, presunção, a preocupação de domínio e os instintos de crueldade ainda arraigados em seus espírito, porque quando esses baixos sentimentos – egoísmo, orgulho, presunção, vaidade - imperam, é impossível um acordo de satisfação entre as partes, de modo que sempre apareça um dominando e outro sendo dominado.
                 No terceiro livro do Evangelho Segundo o Espiritismo, a respeito das Leis morais, na pergunta 614 “O que se entende por Lei Natural” - os Espíritos respondem: A lei natural é a lei de Deus e a única verdadeira para a felicidade do homem. Ela lhe indica o que fazer e o que não fazer, e ele é infeliz quando se afasta dela” . Na pergunta 617 – “Que objetivos abrangem as Leis divinas? ”  os  espíritos respondem: “Todas as leis da natureza são Leis Divinas, porque Deus é o autor de todas as  coisas.  O sábio estuda as Leis da matéria,
o homem de bem estuda as Leis da alma.”   Ainda  de  acordo  com a pergunta 620, os espíritos nos dizem que  a alma antes de sua união com o novo corpo, compreende melhor as leis de Deus, segundo o seu grau de perfeição, mas os instintos de maldade do homem são   tamanhos que a fazem esquecer logo após a reencarnação. De onde se conclui que o homem continua ainda muito afastado de Deus, desconhecendo, ou desprezando as suas Leis.
             E entre tantos obstáculos existentes para  que o  homem consiga atingir uma elevação em seus princípios éticos e morais, encontra-se o positivismo materialista e ateu, que não enxerga na vida nada mais que uma passageira combinação da matéria e da força, e  nas leis do universo somente vê um mecanismo brutal, não enxergando  noção alguma de justiça, de solidariedade,  de responsabilidade, surgindo daí um afrouxamento geral dos laços sociais, um  cepticismo pessimista, um desprezo  a  qualquer lei e qualquer autoridade de pudesse erguer os homens dos abismos em que se encontram.
             As doutrinas materialistas levaram uns ao desânimo,  outros  ao  aumento da cobiça, por toda a parte induziram ao culto do ouro e da carne. Sob a influência do materialismo uma geração nasceu desprovida de ideal, sem fé no futuro, sem energia para a luta, sem perseverança  nos atos, duvidando de si mesma e de todos. As religiões dogmáticas, conduziram a humanidade a arbitrariedade, ao nepotismo, atirou o homem inevitavelmente, á anarquia e á descrença total. As concepções católicas  criaram  a civilização da idade média e modelaram a sociedade feudal, monárquica e  autoritária. Então na terra  como céu dominava  o reinado  da graça e do favor.
             Acontece   que   tais   concepções   já viveram e hoje não encontram mais lugar no mundo moderno, só que abandonando essas   velhas   crenças  o mundo presente não soube substituí-las. E uma sociedade sem uma base firme no presente e sem esperança, sem  fé  no futuro, é como um homem perdido no deserto, como uma folha que vagueia á feição do   vento. E  para   seguirmos  na vida, rumo a processo de evolução espiritual, com passos firmes e para nos preservarmos   dos  desfalecimentos  e das quedas, é preciso uma convicção robusta, uma fé que nos eleve acima do mundo material, é necessário ver-se o alvo e para ele caminharmos.
             Mas se nos domina ainda a idéia do nada,  se  acreditarmos  que  a vida não tem seqüência e que tudo termina com a morte, então  para sermos  lógicos,  cumpre a nós colocar acima de qualquer outro sentimento, apenas os cuidados com   a  existência  material,  com  o interesse pessoal, pois de nada importaria pensarmos num futuro que não   queremos   conhecer.  Entretanto nem todo o ideal está morto, está perdido. A alma humana  tem, ainda, algumas vezes, o sentimento de sua miséria, da insuficiência da existência presente e  da necessidade   da   sobrevivência.   No pensamento do homem uma espécie de intuição subsiste.
             O homem vaga e confusamente, crê e aspira á justiça. Para isto, basta compreender a todos que esta noção de justiça e de crença,  gravada em nós, é a lei do universo, que rege todos os seres e todos os mundos e que por ela o bem deve finalmente  triunfar sobre o mal e  a vida sair da morte. E de onde virão a luz, a salvação, o reerguimento?. Da igreja não, porque ela é impotente para regenerar o espírito humano. Da ciência também não,  pois  esta  não se preocupa com os caracteres nem com as consciências, mas  tão somente com o que fere os sentidos, e tudo o que faz grandes os corações, fortes as  sociedades,  a  dedicação, a virtude, a paixão do bem, não podem apreciar-se pelos sentidos.
              A luz virá da filosofia dos espíritos, onde encontramos a doutrina oculta que abrange todas as idades. A doutrina espírita poderá transformar povos e sociedades, levando claridade a toda parte onde for noite, fazendo, fundir ao seu calor o gelo e o egoísmo que houver nas almas. Estabelecerá  conciliação com a paz e  a harmonia, nos ensinando  a agir com um mesmo espírito e um mesmo coração, nos ensinando que somos avaliados, não tanto pelo que conseguimos levar a bom termo, mas também pelo esforço que desenvolvemos em acertar.
 

  FONTES DE CONSULTA:
  A Gênese ( Allan Kardec)
  Livro dos Espíritos ( Allan Kardec)
  O Espiritismo e os Problemas Humanos (Deolindo Amorim)
  Depois da Morte ( Léon Dennis)
Grandes e Pequenos Problemas ( Angel Aguarod)

APEGO E RENÚNCIA


Por - Gilberto L. Tomasi

Albert Schweitzer,médico,teólogo, músico, missionário, prêmio Nobel da Paz em 1952, ensinava que herói não é o homem da ação. Herói é o homem da renúncia.
Partindo dessa afirmativa não se pode afirmar que alguns vultos da humanidade foram  grandes, citando, Napoleão, Hitler, Stalin, Bismarck, etc.
Grandes foram   Jesus, Buda,  Francisco de Assis e o próprio Schweitzer, que certo dia, deixou o conforto da civilização européia, enfrentando a selva da África,  cuidando dos negros famintos e doentes.
Porém, a sociedade costuma valorizar somente os chamados homens de ação, os homens que agem com praticidade, que fazem o progresso movido pela materialidade e a guerras. Esses homens são homenageados constantemente.
Esquecemos com isso que o ato de renunciar é mais louvável do que o ato do apego. O homem  desde o início da civilização vive o tempo todo querendo se apegar a alguma coisas, às pessoas, aos lugares, aos títulos, às honrarias, como que querendo que essas coisas, e essas pessoas ou esses locais estejam sempre em primeiro plano ou a sua disposição.
Esse apego descontrolado que sentimos acaba gerando o medo das possíveis perdas. Perda da mocidade, perda do dinheiro, da saúde, do prestígio, da amizade.
Por outro lado, o ato de renunciar significa, sobretudo, um ato de coragem, que poucos conseguem praticar, haja vista, que é bem mais fácil se apegar do que desapegar. Lembrando o encontro de Jesus com o moço rico, que desejava ir para o céu, que então pergunta: “ Mestre, o que é necessário par alcançar a vida eterna ?”. O rapaz era possuidor de grandes propriedades, tinha muito dinheiro era extremamente religioso, cumpridor de todos os mandamentos da Lei Mosaica, não mentia, não roubava, não caluniava, não usava o nome de Deus em vão. No conceito geral, era um bom moço.
Jesus veio, então ao seu encontro, com a recomendação que valeu por um difícil teste para o rapaz: dá tudo que tens aos pobres e trás o paraíso. Ouvindo isso, o moço cabisbaixo, saiu envergonhado, sem dizer uma só palavra. Pensava ele, o preço do paraíso é muito alto.  Na verdade, não queria ele renunciar aos bens terrenos, nunca. Pensava também, foi muito difícil formar um patrimônio, mas, mais difícil ainda seria renunciar, ou melhor, se desapegar de tudo.
Sem querer interpretar o episódio na sua íntegra, a renúncia que Jesus queria era a renúncia do apego, porque o apego é o que nos torna escravo, é o que nos causa preocupação, nos deixa angustiado, nos torna infelizes, deprimidos e egoístas.
Sabemos que é difícil renunciar até mesmo a um simples pensamento. Mas, não podemos esquecer que rico é aquele que é pobre das necessidades, já escreveu um grande pensador. Renunciar aos vícios, aos ressentimentos, à inveja, significa um ato de heroísmo.
Perguntado sobre como deveríamos viver no mundo, Paulo de Tarso dizia: “Vive como possuindo tudo, nada tendo, com todos e sem ninguém”.

FAMÍLIA




Joilson José Gonçalves Mendes

O termo “família” é derivado do latim “famulus”, que significa “servo”. Demonstrando, assim, que em família devemos servir uns aos outros. Este termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre as tribos latinas.
Verifica-se nas mais diversas culturas que a família sempre foi bem representada e exerce forte influência na sociedade.
No Egito Antigo encontramos as figuras de Isis, Osíris e Horus
Na era cristã verificamos Maria, José e Jesus
Que também é chamada de “A sagrada família”.
Percebemos a bondade e a sabedoria do Criador em sempre enviar seres divinos para alertar a humanidade sobre a importância da família para a sociedade.
Nos bancos escolares aprendemos que a família é a célula mater da sociedade, o elemento fundamental para que possamos viver em harmonia e progredirmos. Infelizmente nota-se que muitas destas células estão enfermas.
A Doutrina Espírita a considera como instrumento do “progresso na marcha da humanidade” e sua abolição traria sérias conseqüências como uma recrudescência do egoísmo” e “uma regressão à vida dos animais”. Como bem explicado nas questões 695, 696 e 775 de O Livro dos Espíritos.
É no ambiente familiar que aprendemos sobre:
- O respeito as autoridades personificado na figura dos pais, mais especificamente na figura paterna como dizem os especialistas.
- Em família aprendemos sobre o amor – a exemplo de um jogo de xadrez, quando a Rainha é sacrificada em favor do todo, muitas vezes a mãe deixa de suprir as próprias necessidades, não se importando consigo mesma em benefício de um filho, num constante processo de doação e amor. Quão poucos conseguem perceber esta atitude tão nobre e digna de uma verdadeira Rainha.
- É na família que aprendemos o respeito ao próximo na convivência com os irmãos. Compreendendo quais são os nossos limites.
- Aprendemos sobre o respeito aos mais velhos, na figura dos nossos queridos avós que, muitas vezes cansados pelas tribulações da vida, mas com a sabedoria adquirida, sempre tem uma palavra consoladora trazendo o alento ao nosso coração.
- Aprendemos, ainda, sobre não sermos egoístas, uma vez que devemos compartilhar o que possuímos com todos os membros desta célula.
- É ali que se exercita a cooperação. Afinal, como a família é uma comunidade, há necessidade de ajuda mútua.
- É na família que se aprende a transformar o fel das dificuldades, as amarguras das incompreensões no doce néctar das atenções, do entendimento e da compaixão.
- Se por um lado encontramos no ambiente familiar alguns desafetos nos oferecendo a oportunidade de estabelecer a simpatia, os afetos são os sustentáculos em todos os momentos.
- Quando a família enfrenta as dificuldades com união, cresce e supera problemas considerados insolúveis.
Certa vez Jesus estava no meio da multidão ensinando a sua doutrina de amor, quando lhe informaram que sua mãe e seus irmãos o chamavam, o que ele respondeu: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E, olhando para os que estavam assentados ao seu derredor, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; pois, todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Ensinando naquele momento, que a família transcende os laços consangüíneos.

FONTES
O evangelho segundo o espiritismo
O livro dos espíritos
Momento espírita - Em 13.08.2008.
Momento espírita - Em 10.08.2009.
Momento espírita - Em 21.07.2010.

Joilson José Gonçalves Mendes
Que palavra é esta que nos remete aos nossos mais recônditos sentimentos? Monossílabo tônico que já fez com que muitos galgassem o ápice de seus objetivos, assim como, conduziu uma imensidão de seres aos mais baixos níveis em que se pode chegar um ser humano. Sim, há pessoas que cometem verdadeiras atrocidades em nome da fé, em nome de uma crença absurda, que a mais frágil razão o conduziria por outro caminho, mas estava cego.
A fé é a certeza de atingirmos um objetivo. É uma voz íntima que nos conduz em determinado caminho. Mas como precisarmos se realmente estamos no caminho correto? E quando insistimos em determinado objetivo e não o atingimos? Será que faltou fé? Será que a fé não era tão forte quanto pensávamos que fosse? Quais os meandros que não nos permitem chegar aonde queremos? “Existem mais coisas entre o céu e a terra, do que a nossa vã filosofia pode imaginar”, diria Shakespeare.
Quantas vezes perdemos tempo com veleidades ilusionistas que nada acrescenta ao nosso patrimônio espiritual. A fé remove montanhas, afirma o adágio popular. Certa vez um jovem galileu disse que se tivéssemos fé do tamanho de um grão de mostarda, diríamos para um monte se transpor de um lado para outro e este monte se transporia. Mas qual seria este monte? Obviamente não se referia a um acidente geográfico, e sim, as montanhas que ainda são verdadeiras barreiras dentro de cada um de nós.
Referia-se as montanhas do orgulho, do egoísmo que são as grandes chagas da humanidade. Barreiras que nos impedem de movermos em direção ao próximo. Montanhas colossais que há séculos cultivamos dentro de nós. Falava das montanhas da vaidade, da cobiça e tantas outras que mais parecem uma verdadeira cordilheira em nosso interior. E ainda nos questionamos sobre a fé! Pior quando, por não vermos nossos desejos egoísticos serem realizados, nos revoltamos contra a divindade. “Raça de incrédulos e perversos, até quando estarei convosco”? Questionou o jovem galileu. Até quando?
Há aqueles que dizem acreditar somente em si e em sua capacidade de realizar o que bem desejar. Ignoram ou esquecem que por de trás deles existe um ser supremo que a tudo conhece, que é infinitamente justo e bom. A fé humana em excesso transforma-se em soberba e nos cega. Outros creem que Deus a tudo nos provê e por isso não faz a sua parte. A fé divina em excesso transforma-se em preguiça, fanatismo e também cega.
Pode-se comparar a fé com o conceito da Física – Salto Quântico – em que o elétron muda de camada conforme tenha mais ou menos energia. Quando está tudo bem, dizemos que somos pessoas de fé, mas, quando enfrentamos as dificuldades da vida, parece que a nossa fé se esvai como areia entre os dedos. Mais energia, mais fé; menos energia; menos fé. Será assim? Então precisamos estar atentos aos “saltos da fé”.
Quando realmente temos fé, e somos sinceros em nossas intenções, caminhamos em direção aos obstáculos com razão e emoção equilibrados, com consciência, de cabeça erguida, sabemos que as dificuldades servem para polir o espírito, este diamante que está em estado bruto, esperando que o joalheiro o transforme em pedra preciosa.
A verdadeira fé faz despertar em nós os sentimentos sublimes do ser. Nos impulsiona ao encontro do próximo em atos de caridade, a exemplo de Francisco de Assis, Irmã Dulce, Madre Tereza, Chico Xavier e tantos outros. Por sermos convictos de que todos somos filhos do mesmo Pai, é que jamais devemos desamparar os mais necessitados. A fé verdadeira nos faz esquecermos de nós mesmos, dos nossos problemas e nossas angústias pois sabemos ser tudo passageiro. Sabemos; não sabemos? Acreditas? Tens fé?

COMPROMISSO MEDIÚNICO


Joilson José Gonçalves Mendes

“Toda pessoa que sente, em um grau qualquer, a influência dos Espíritos, por isso mesmo, é médium.” (O Livros dos Médiuns - Segunda PArte - Cap. XIV)

A citação acima nos conduz ao raciocínio de que todos possuímos a capacidade mediúnica, contudo, nem todos somos médiuns ostensivos; aqueles que servem de ponte entre o plano material e o plano espiritual. Este texto pretende tratar apenas daqueles que possuem a mediunidade de forma ostensiva, mais especificamente do compromisso assumido antes de sua reencarnação, com esta tarefa sublime que engrandece a alma.
Sabe-se que a maioria dos médiuns ostensivos são espíritos com grandes débitos diante da lei divina. Pessoas que em existências passadas, desviaram-se do caminho do bem prejudicando aqueles com quem conviveram. Cometeram atos cruéis e que após um período de tempo, se conscientizaram e se arrependeram.
Sobre os médiuns assim se expressa André Luiz: “...Quase sempre, são Espíritos que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade, da fortuna e da inteligência, e que regressam ao orbe terráqueo para se sacrificarem em favor do grande número de almas que desviaram das sendas luminosas...da fé, da caridade e da virtude.
São almas arrependidas que procuram arrebanhar todas as felicidades que perderam, reorganizando, com sacrifícios, tudo quanto esfacelaram nos seus instantes de criminosas arbitrariedades e de condenável insânia.”
Contudo, Deus em sua infinita bondade, concede nova oportunidade para todos aqueles que apresentam o arrependimento sincero. Por meio dos emissários do bem oportuniza a chance de resgatarmos nossas dívidas, mas como demoraríamos muito para realizar tal tarefa dá-nos a benção da mediunidade, uma alavanca que nos impulsiona novamente no caminho reto com o trabalho de auxílio ao próximo.
A tarefa não é fácil assim o sabemos, exige sacrifício, desprendimento, compreensão, compaixão e muito amor para com nossos semelhantes. Muitas vezes somos criticados pelos familiares, parentes e amigos. Mas onde estaria nosso mérito após tantos erros cometidos?
A espiritualidade nos informa que antes de reencarnarmos passamos por um período de treinamento, para que possamos exercer a tarefa mediúnica com mais segurança. Reencarnados, cabe a nós aproveitarmos os estudos para relembrarmos do compromisso assumido anteriormente. Lembre-se, mediunidade não trabalhada é compromisso adiado que, mais cedo ou mais tarde, será cobrado.
Trabalhe e segue meu irmão, minha irmã, lembre sempre dos ensinamentos de amor transmitidos por aqueles que nos acompanham do plano invisível. Dedique poucos minutos de seu dia ao estudo da mediunidade para que não caia nas armadilhas daqueles que não querem nosso progresso.
Estuda-te! Observa cada pensamento e sentimento que lhe vai ao íntimo, questione-se, trabalhe interiormente, cresça espiritualmente. Espelha-te no Cristo Jesus que muito sofreu, mas não deixou de trabalhar na seara do Pai.
Bezerra de Menezes, grande ícone da Doutrina libertadora dos espíritos, por intermédio de Chico Xavier, nos esclarece dizendo que: A mediunidade é um madeiro de espinhos dilacerantes, mas com o avanço da subida, calvárío acima, os acúleos se transformam em flores e os braços da cruz se transformam em asas de luz para a alma livre na imortalidade”.